Os estoques de suco de laranja estão diminuindo em todo o mundo, elevando os preços para máximas de cinco anos, já que a Flórida enfrenta sua menor safra desde a Segunda Guerra Mundial e o principal produtor de citros do Brasil enfrenta estoques esgotados.
A produção do Sunshine State – o maior fornecedor de suco dos EUA – cairá 28% este ano, para 38,2 milhões de caixas, a menor desde 1943. Uma caixa pesa 45 quilos. As temperaturas congelantes de janeiro enfraqueceram os pomares, aumentando os impactos persistentes dos furacões e fazendo com que as árvores cítricas deixassem os frutos mais cedo, enquanto as doenças das plantas deixavam para trás laranjas menores.
Os problemas da Flórida são “o acúmulo de vários desafios que a indústria teve nos últimos anos”, disse Shelley Rossetter, do Departamento de Citrus da Flórida.
Os problemas enfrentados pelo suco de laranja estão surgindo à medida que agricultores e consumidores lutam contra a inflação crescente e o aumento dos preços dos alimentos em todo o mundo, agravados pela escassez e dificuldades no transporte de muitos produtos agrícolas. A safra reduzida do Brasil, prejudicada por geadas e secas, e os custos crescentes de transporte estão ajudando a impulsionar um aumento de 66% no preço do suco no ano passado.
O suco de laranja congelado fechou em US$ 1,82 o quilo em 13 de abril na ICE Futures US em Nova York, o maior desde março de 2017. mais cedo, de acordo com Nielsen.
Os aumentos de preços estão aumentando os custos para fabricantes de bebidas, incluindo a Coca-Cola Co., proprietária da marca Minute Maid. e PAI Partners, com sede em Paris, proprietária da Tropicana. Isso aumenta as pressões inflacionárias para os consumidores quando a oferta global está sendo espremida.
Os problemas prolongados de abastecimento dos EUA e as más colheitas brasileiras reduziram a oferta global de suco concentrado industrializado congelado para cerca de 1,7 milhão de toneladas nos últimos dois anos, aproximando-se dos níveis mais baixos vistos em uma década, segundo estimativas de Andres Padilla, analista do Rabobank Internacional.
Os estoques de suco de laranja congelado do Brasil são os mais baixos desde 2017. Eles são iguais a “quase zero” porque o suco não atende aos requisitos da indústria de acidez e doçura, segundo Ibiapaba Netto, diretor executivo da CitrusBR. Espera-se que a próxima safra se recupere, já que o clima está favorável, embora não seja “gigante”, porque os efeitos da seca durarão alguns anos, disse ele.
A safra de laranja da Flórida é cerca de um quarto do que era em 2005, quando a doença das plantas conhecida como greening cítrico foi encontrada nos pomares do estado. A doença destruiu constantemente as plantações e causou bilhões de dólares em perdas, incluindo empregos.
“O verde não permite que as árvores suportem o estresse, e tivemos várias fontes de estresse”, disse Ray Royce, diretor executivo da Highlands County Citrus Growers Association em Sebring, Flórida. O grupo, que responde por cerca de 15% da safra do estado, terá uma produção menor do que o esperado. Ele está “esperançoso” de que novas árvores possam aumentar a produção no próximo ano.
O greening de citros também se expandiu nos pomares brasileiros, onde o volume e a qualidade da colheita foram reduzidos por geadas e secas em 2021-22. A doença foi encontrada em 22% das principais regiões produtoras do Brasil, ante 17% quatro anos antes, segundo Renato Bassanezi, pesquisador do Fundecitrus. Em algumas áreas, metade das plantas apresentou sintomas no ano passado. A doença está se expandindo por causa da falta de tratamentos de cultivo, clima e crescente resistência dos produtores para cortar árvores infectadas que ainda estão produzindo, disse ele.
A Flórida enfrentará dificuldades para reverter sua produção cítrica, de acordo com Judy Ganes, consultora que acompanha o setor há cerca de três décadas. As árvores precisam desesperadamente de nutrientes, mas os preços dos fertilizantes estão elevados. E espera-se que a próxima temporada de furacões traga atividade acima da média, aumentando os riscos para os agricultores, disse ela em entrevista.
“Será um tremendo desafio trazer de volta a produção”, disse ela.