(Bloomberg) – Quase 200 funcionários do Fundo Monetário Internacional (FMI) assinaram petição pedindo à diretora-gerente Kristalina Giorgio que esclareça as ações que levaram à mitigação dos riscos ambientais para a economia brasileira.
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A petição, assinada por 194 funcionários do fundo com sede em Washington, foi enviada ao escritório do ombudsman do FMI na Geórgia na segunda-feira, de acordo com um e-mail financeiro interno visto pela Bloomberg News.
“Como funcionários assinaram abaixo, gostaríamos de expressar nossas preocupações em relação a uma questão que está em nossos corações: o respeito pelas regras e procedimentos que protegem a liberdade técnica dos funcionários”, escreveu a equipe.
Georgieva, em um e-mail para a equipe do FMI que viu o Bloomberg News na segunda-feira, disse que todas as regras e procedimentos financeiros no caso do Brasil seriam respeitados.
“Como a equipe administrativa, inclusive eu, buscava entender as preocupações dos oficiais, desempenhei um papel construtivo, visando proteger a integridade do trabalho da equipe”, escreveu ele sobre o governo brasileiro.
O número de signatários é de cerca de 7% dos 2.700 funcionários globais do FMI. Tais petições são raras na história recente do fundo, pedindo àqueles familiarizados com as funções do fundo que não os identifiquem.
A medida veio depois que a Bloomberg News informou em 8 de outubro que autoridades financeiras, incluindo a Geórgia, que transformou a mudança climática em uma questão de assinatura, suavizaram as notícias sobre o Brasil depois que o governo do presidente Jair Bolsanaro se opôs à linguagem.
A decisão executiva no final de julho inclui a principal avaliação anual do FMI das Consultas do Artigo IV para a Maior Economia da América Latina. Os gerentes inicialmente deram seu selo de aprovação ao relatório da equipe em 30 de julho, cancelaram-no algumas horas depois e removeram as frases polêmicas, confirmaram funcionários do FMI no início deste mês quando questionados pela Bloomberg News sobre os eventos.
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A Geórgia enfrentou algum descontentamento após alegações não relacionadas à investigação de Wilmerhail, um escritório de advocacia do Banco Mundial, que em 2017 pressionou sua equipe a manipular os dados da China para aumentar sua classificação no relatório “Doing Business” do banco. Georgieva, 68, não se enganou.
No início deste mês, o conselho do FMI disse que sua investigação não havia provado conclusivamente que a Geórgia havia desempenhado um papel impróprio no questionário, que classificou o ambiente de negócios dos países.
A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, alertou no início deste mês que a corrupção comercial pode prejudicar a confiança no FMI e no Banco Mundial se as empresas não tomarem medidas firmes para prevenir a má conduta e apoiar os denunciantes.
“A administração garantiu à equipe que todas as políticas e procedimentos fiscais relacionados ao Relatório de Pessoal do Artigo IV no Brasil são respeitados e respondeu em detalhes a todas as questões levantadas”, disse a porta-voz do FMI, Jerry Rice, por e-mail na terça-feira.
Em uma petição citando o artigo da Bloomberg sobre a questão brasileira, a equipe do FMI perguntou a Georgie se seu escritório havia solicitado a remoção da linguagem relacionada à mudança climática do relatório do Brasil e se isso violava as políticas relacionadas ao compartilhamento e negociação de relatórios do corpo técnico.
“Nossa principal publicação é chamada de‘ Relatório do Funcionário ’por um motivo”, disse o corpo técnico do FMI na petição. Se as nações não concordarem, “nossas políticas oferecem uma variedade de caminhos construtivos”, mas “as negociações do texto são explicitamente rejeitadas por nossas políticas”.
(Adiciona o comentário anterior de Yellen no parágrafo 10.)
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