A colombiana Ecopetrol aumentou significativamente seu portfólio de exploração de petróleo e gás no Brasil nos últimos anos.
Desde 2018, a empresa adquiriu Saturno, Pau Brasil e outros sete blocos na prolífica bacia de Santos, em parceria com as operadoras Shell e BP Energy.
As últimas aquisições foram feitas na terceira rodada de áreas abertas, realizada pelo regulador local ANP em 13 de abril.
O presidente da Ecopetrol no Brasil, José Cotello, disse à BNamericas por que a empresa aposta no país.
BNamericas: Por que a Ecopetrol investiu em blocos exploratórios offshore no Brasil? Que fatores levaram a essas decisões?
Cotello: O offshore brasileiro é uma das regiões com potencial petrolífero mais atrativo do mundo, incluindo comprovados e prováveis [2P] reservas recuperáveis de mais de 70Bboe [billion barrels of oil equivalent] e expectativas de recursos ainda a encontrar superiores a 100Bboe, de acordo com a IHS Market Energy.
A maior parte dessas reservas e recursos está concentrada nas bacias de Santos e Campos, localizadas na costa sudeste do país, onde a Ecopetrol concentra suas atividades exploratórias desde o início de sua entrada no país em 2006.
O potencial petrolífero do Brasil, aliado a um ambiente de negócios robusto, condições regulatórias estáveis e condições competitivas favoráveis, fazem do país um foco de investimento para empresas de todo o mundo, incluindo grandes, independentes e petrolíferas nacionais [NOCs].
As decisões da Ecopetrol de investir no Brasil levaram em consideração tanto o potencial prolífico do país quanto seu ambiente de negócios favorável e estável, bem como sua capacidade de gerar valor sob seus critérios de eficiência de capital. Esses fatores, somados à possibilidade de encontrar grandes acumulações de hidrocarbonetos, são fatores determinantes para que o Brasil seja definido como um dos países foco para o crescimento da Ecopetrol.
BNamericas: Por que Shell e BP foram os parceiros operacionais escolhidos nas últimas aquisições?
Cotello: A Ecopetrol tem como foco a busca de grandes parceiros com experiência no negócio offshore e no Brasil. Assim, nessa busca coincidimos o interesse nas áreas em que licitamos com Shell e Chevron no bloco Saturno e no bloco Pau Brasil com BP e CNOOC.
BNamericas: A Ecopetrol pretende expandir seu portfólio no Brasil, mesmo em associação com outras empresas? A Petrobras poderia ser uma delas?
Cotello: Em seu plano de negócios, o objetivo da Ecopetrol é incorporar novas áreas de exploração e/ou ativos de produção com parceiros com grande experiência em offshore, grandes empresas, e claro que uma delas é a Petrobras, sendo a maior operadora do Brasil. Temos trabalhado com a Petrobras em áreas de interesse mútuo, mas até agora não percebemos nenhuma participação.
A Ecopetrol avaliou várias das oportunidades oferecidas pela ANP. Recentemente, participou da 17ª rodada de licitações em 2021, com a aquisição do bloco SM-1709, e da 3ª rodada de áreas abertas em abril de 2022, com a adjudicação de seis blocos exploratórios em associação com a Shell.
É importante mencionar que a Ecopetrol participará de oportunidades alinhadas à sua estratégia de crescimento focada nas bacias de Santos e Campos e que atendam aos seus critérios de eficiência de capital.
BNamericas: Você está considerando a possibilidade de se tornar um operador de ativos de exploração e/ou produção no país?
Cotello: No momento a Ecopetrol tem interesse em participar como parceiro não operacional.
BNamericas: Quando a empresa espera produzir seu primeiro barril de petróleo no Brasil?
Cotello: Considerando apenas o portfólio orgânico, o projeto Gato do Mato, operado pela Shell, será o primeiro a entrar em produção. A Ecopetrol e seus parceiros esperam iniciar as operações de produção entre o quarto trimestre de 2025 e o primeiro trimestre de 2026.
BNamericas: O gás natural também está nos seus planos?
Cotello: O plano de desenvolvimento prevê a reinjeção do gás produzido na primeira fase do projeto Gato do Mato, para maximizar a recuperação de líquidos. Para a Ecopetrol, o gás Gato do Mato é uma importante vantagem que pode se materializar após 2030. No entanto, os esforços para capturar ativos exploratórios ou de desenvolvimento adicionais podem levar à produção de gás mais cedo.