Brasil prepara primeiro carnaval desde Covid

Após dois anos sombrios de bloqueios e perdas, o Rio de Janeiro realizará seu famoso carnaval neste fim de semana pela primeira vez desde que o Covid-19 atingiu o Brasil, prometendo um espetáculo gigante e brilhante de catarse pandêmica.

Ao som de batidas de samba pulsantes, espera-se que milhares de dançarinos em trajes cravejados de lantejoulas recuperem o “Sambódromo”, o icônico local de desfiles de carnaval da cidade de praia, que se transformou em um centro de vacinação Covid-19 em 2021.

Cancelado no ano passado quando o número de mortos pela pandemia aumentou no Brasil, então adiado por dois meses este ano por temores de outra onda, o show de carnaval agora está programado para finalmente continuar, com desfiles noturnos nas sextas e sábados.

“Será um ano muito especial. Só estou sentindo ‘estou viva, consegui!'”, disse Bianca Monteiro, a “rainha da bateria” da Portela, escola de samba que mais vezes ganhou na história do desfile de carnaval carioca.

“Queremos prestar homenagem aos que morreram de Covid. Foi uma época de tanto sofrimento, problemas financeiros, fome… A pandemia causou tanta tragédia”, disse à AFP.

A Covid-19 já matou mais de 660 mil vidas no Brasil, perdendo apenas para os Estados Unidos em números absolutos.

Mas com mais de 75% dos 213 milhões de habitantes do país sul-americano agora totalmente vacinados, o número médio de mortes semanais caiu de mais de 3.000 há um ano para menos de 100 agora.

Todos que participarem e comparecerem aos 12 desfiles de escolas de samba do final de semana deverão apresentar comprovante de vacinação.

“Eu senti muita falta. Eu adoro carnaval”, disse o prefeito do Rio Eduardo Paes.

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“É uma festa que representa muito do que somos como cidade e país. O carnaval mostra ao mundo um povo alegre, sem preconceitos, que abraça a diversidade, a tolerância religiosa.”

– Retorno carnaval –

Por trás do redemoinho frenético de carros alegóricos, penas e carne mal coberta, o carnaval carioca é fortemente moldado pela tradição e pelas regras.

Cada uma das escolas de samba terá de 60 a 70 minutos para contar uma história em música e dança, a ser avaliada em nove critérios por uma equipe de jurados.

Os atuais campeões, Viradouro, escolheram como tema o lendário carnaval carioca de 1919 – o primeiro celebrado após a devastação de outra pandemia, a gripe espanhola.

Outras escolas escolheram temas carregados de mensagens sociais, com o Brasil enfrentando eleições divisivas em outubro que provavelmente colocarão o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro contra o ex-líder de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.

Oito dos 12 temas das escolas tratam do racismo ou da história afro-brasileira, questões carregadas em um país onde o atual presidente enfrenta frequentes acusações de racismo.

Suas canções de samba incluem tratamentos dos protestos que eclodiram nos Estados Unidos após o assassinato de George Floyd pela polícia em 2020; homenagens a dois “orixás”, ou divindades, da religião afro-brasileira; e comemorações dos sambistas negros Cartola e Martinho da Vila.

“As escolas de samba são (historicamente) uma representação da cultura afro-brasileira”, disse o historiador do carnaval Luiz Antonio Simas.

“Sob o atual governo, que está intimamente alinhado com movimentos conservadores hostis ao carnaval, é altamente político ter esse carnaval negro e visceral”.

– Hidratante para lágrimas –

A emoção da volta do carnaval também é tingida de cansaço para as escolas de samba, que passam o ano inteiro se preparando – neste caso estendida por causa da pandemia para além das datas habituais pouco antes da época católica da Quaresma.

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“Tem muita emoção reprimida. Teremos que nos hidratar muito bem para compensar todas as lágrimas que vamos derramar”, disse Talita Batista, que desfilará pela Portela.

Espera-se também que o evento traga algum alívio para um setor de turismo atingido pela pandemia.

Os hotéis do Rio esperam uma taxa de ocupação de 85%, apesar de a cidade não ter autorizado os “blocos”, as grandes festas de rua que costumam acompanhar a competição oficial do desfile.

Várias festas de rua menores ainda devem ser realizadas.

mel / jhb / jh

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