Um grupo de advogados especializados em questões climáticas exigiu que o presidente Jair Bolsanaro fosse julgado pelo Tribunal Penal Internacional por crimes contra a humanidade causados pelas políticas de seu governo na Amazônia.
Pontos chave:
- Bolzano é acusado de ser um “ataque generalizado à Amazônia” que afeta pessoas em todo o mundo
- Desde que assumiu o cargo em 2019, Bolsanaro promoveu o crescimento da Amazônia
- O desmatamento da Amazônia brasileira aumentou em dois terços em seus primeiros dois anos
O Alice Group entrou com uma ação na corte mundial acusando a gestão de Bolsanaro de “ataques generalizados à Amazon, seus apoiadores e defensores” que afetam a população mundial.
A chamada vem três semanas antes da 26ª Conferência sobre Mudanças Climáticas COP26, que começa em Glasgow em 31 de outubro.
A cúpula de 12 dias visa garantir maiores ambições de reduzir o aquecimento global para 2 graus Celsius, com o objetivo de mantê-lo em 1,5C em comparação com os níveis pré-industriais.
O foco do evento é arrecadar fundos para combater as mudanças climáticas e proteger comunidades vulneráveis e habitats naturais.
Desde que assumiu o cargo, Bolzano encorajou o crescimento na Amazônia e rejeitou as reclamações globais sobre sua destruição como uma conspiração para bloquear o agronegócio brasileiro.
Seu governo enfraqueceu as autoridades ambientais e apoiou ações legais para facilitar a segurança da terra, incentivando os grileiros.
“Crimes contra a natureza são crimes contra a humanidade. Jair Bolzano abre os olhos para a catástrofe da Amazônia e alimenta o fogo com pleno conhecimento de suas consequências”, disse o fundador do Alice, Johannes Wesman, em um comunicado.
“O TPI tem o dever claro de investigar crimes ambientais de gravidade global”.
Esta não é a primeira vez que líderes de direita brasileiros pedem a intervenção do TPI.
Dois anos atrás, um grupo de advogados e ex-ministros brasileiros convocou o tribunal para investigar Bolzano por incitar o genocídio das tribos e por não proteger as florestas e terras protegidas onde vivem.
Antes de Bolzano assumir o cargo em 2019, a Amazônia brasileira não registrava um ano com mais de 10.000 quilômetros quadrados de desmatamento em uma década.
Entre 2009 e 2018, a média foi de 6.500 quilômetros quadrados por ano, em comparação com uma média de 10.500 quilômetros quadrados durante o mandato de Bolsanaro.
Números preliminares divulgados no mês passado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil mostram que o desmatamento na Amazônia brasileira diminuiu pelo segundo mês consecutivo em agosto em comparação com o mesmo período de 2020.
No entanto, Wesman insiste que Bolzano seja responsável perante o mundo, além das comunidades amazônicas.
“Nosso caso visa adicionar uma dimensão internacional importante à luta deles”, disse Wesman.
“Amazon é deles, mas todos nós precisamos.”
AB / ABC